Por que gatos matam filhotes de outros gatos? Entenda esse comportamento instintivo

Ver um gato atacar ou matar filhotes pode ser chocante e doloroso para qualquer tutor. Embora seja raro no ambiente doméstico, esse comportamento pode ocorrer principalmente em colônias, abrigos e situações de competição territorial. Para compreender por que isso acontece, é preciso analisar a biologia e os instintos mais primitivos dos felinos.


Esse comportamento é comum?

Não é comum entre gatos domésticos bem socializados, mas pode ocorrer em determinadas condições. Em ambiente selvagem ou de vida livre, esse comportamento faz parte de uma estratégia instintiva de sobrevivência, seleção reprodutiva ou competição por recursos.

A prática de matar filhotes é chamada de infanticídio, e pode acontecer tanto por machos quanto por fêmeas, por razões diferentes.


Por que machos podem matar filhotes?

1. Instinto reprodutivo

Em colônias felinas, quando um macho dominante encontra filhotes que não são seus, ele pode matá-los. Isso faz com que a fêmea entre em cio novamente, permitindo que o macho transmita sua própria carga genética.

Esse comportamento é observado em diversas espécies, incluindo leões, e tem base evolutiva — apesar de ser inaceitável sob perspectiva emocional humana.

2. Territorialismo

Machos não castrados tendem a ser mais territoriais e agressivos. Eles podem ver filhotes desconhecidos como ameaças à estabilidade do grupo ou como "intrusos" no seu espaço.


Por que fêmeas podem matar filhotes (inclusive os próprios)?

Embora raro, também pode acontecer em alguns contextos:

1. Estresse extremo

Fêmeas em ambientes hostis, com barulho, movimentação constante ou presença de predadores, podem interpretar o local como inseguro e atacar a própria ninhada. Isso é um comportamento de autopreservação da espécie — evitando criar filhotes em condições inadequadas.

2. Filhotes muito fracos ou doentes

Gatas podem rejeitar ou eliminar filhotes que apresentem problemas genéticos, doenças ou má formação, concentrando esforços nos mais saudáveis.

3. Falta de vínculo materno

Gatas muito jovens, inexperientes ou que tenham tido um parto traumático podem não reconhecer os filhotes como seus e agir de forma hostil, especialmente nas primeiras 48h pós-parto.


Como evitar que isso aconteça?

Castrar machos e fêmeas: castração reduz o comportamento territorial, reprodutivo e agressivo;
Ambiente calmo e seguro: isolar a gata com filhotes em local tranquilo, sem estresse e sem circulação de outros animais;
Evitar manipular filhotes nos primeiros dias: excesso de contato humano pode gerar rejeição materna;
Separar machos adultos da ninhada: mesmo sendo da mesma casa, o ideal é prevenir o contato até o desmame completo.


Conclusão

Embora difícil de compreender sob o olhar humano, o infanticídio entre gatos é um comportamento instintivo com raízes evolutivas. A boa notícia é que, com ambiente controlado, socialização adequada e castração, esse tipo de situação se torna extremamente raro em lares bem estruturados.

 

A informação é a melhor forma de prevenção. Se você está cuidando de uma ninhada ou abriga múltiplos gatos, fique atento ao comportamento dos adultos e sempre ofereça um espaço protegido para a mãe e seus filhotes.